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Novembro Negro no IFPB
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Última modificação: 19 de Novembro de 2021 às 12:31
A consolidação dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI´s) nos campi do IFPB é um marco institucional nas ações que envolvem a temática das identidades e relações étnico-raciais. A partir das atividades dos Núcleos, o Instituto vem consolidando os conhecimentos e a valorização histórica e cultural das populações afrodescendentes e indígenas, promovendo a cultura de uma educação voltada para a convivência, compreensão e respeito da diversidade, conforme a Resolução nº 62/2017 - CS.
Este ano, foi realizado o I Seminário dos NEABIs, constituído num espaço de formação, debates, planejamento e de participação social nas políticas de relações étnico-raciais institucionais. Sob o tema “Educação para o Letramento Racial”, a programação do Seminário abrangeu intervenções artísticas, mesas redondas, oficinas e debates sobre legislações e temas afins.
Diante da importância da temática, a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEXC) inseriu os Núcleos no Programa Campus de Culturas (Pró-Culturas 2021), cujo objetivo é incentivar e fortalecer, através de apoio financeiro, iniciativas e necessidades culturais das comunidades interna e externa, em ações voltadas ao desenvolvimento cultural nas dimensões simbólica, cidadã e econômica.
Carlos Emanuel Izidro é estudante do curso de Ciências Biológicas do Campus Princesa Isabel. Jovem, negro universitário, Carlos atua no NEABI do campus desde sua fundação e destaca algumas ações realizada pelo Núcleo. “A gente vem desenvolvendo trabalhos e ações como a criação de um acervo digital com uma seleção de obras envolvendo as questões étnico-raciais, promovendo rodas de conversas sobre o assunto e também a criação da Biblioteca Humana Afro-brasileira e Indígena onde são realizadas contações de histórias de vida de pessoas negras”. Para o estudante, tais atividades minimizam e desmistificam preconceitos. “A atuação do NEABI fortalece o respeito e a diversidade, contribuindo para uma cidadania inclusiva através da sistematização do conhecimento científico, cultural e artístico junto às comunidades locais”.
Para Renálide Carvalho, servidora do Campus Cabedelo Centro e coordenadora do NEABI local, o mês de novembro é um mês bastante especial para comunidade negra. “É um mês em que celebramos a nossa resistência ancestral, em que rememoramos a luta de Zumbi dos Palmares, de Dandara e de todos aqueles que com sangue, luta e suor semearam o caminho da liberdade para o nosso povo”. A educadora enfatiza que ainda há muito o que ser conquistado e destaca o papel dos NEABI´s neste sentido. “A gente precisa fazer desse mês e de todos os meses do ano, dias de combate ao racismo. É por isso que é fundamental a constituição dos Núcleos para ratificarmos a importância da luta negra, de sua cultura e de sua ancestralidade para formação do povo brasileiro e para que, de fato, façamos uma educação antirracista, emancipatória e inclusiva. Nosso povo quer viver, nosso povo resiste! Não morreremos nem de bala, nem de fome, nem de COVID. O povo negro resiste!”
Em comemoração ao Dia da Consciência Negra (20/11), os NEABI´s prepararam uma programação especial no mês de novembro. Clique aqui e confira.
HOMENAGEM
É impossível falar sobre questões étnico-raciais em nossa instituição sem mencionar a atuação de Everaldo Barbosa da Silva - ou simplesmente Everaldo da Cavalhada. Líder comunitário do quilombo da Cavalhada (Flores-PE), Everaldo era estudante do Campus Princesa Isabel. Em 2019, concluiu o curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental e cursava Licenciatura em Ciências Biológicas. Mais que um parceiro, Everaldo foi um grande articulador das ações de extensão e cultura na região, incentivando e promovendo as lutas do seu povo através do NEABI.
“Ele era aquele estudante bastante atuante e estava sempre insistindo para que a gente realizasse ações voltadas às questões étnico-raciais dentro e fora do nosso campus. Na comunidade da Cavalhada, ele articulou muitos projetos em parceria com o IF, tanto na área ambiental como na promoção de atividades de reconhecimento cultural e combate ao preconceito. Ele teve uma atuação muito forte e especial no NEABI, sempre com palavras maravilhosas em cada evento e ação que participava”, enfatiza a professora Maria Leopoldina Lima.
Em setembro deste ano, Everaldo e sua filha de 04 anos faleceram em um grave acidente de moto. O legado do quilombola na construção e reconstrução da história e da cultura do seu povo jamais será esquecido.
“Eu quero ir até o fim! Até a última condição de estudos possível para mostrar para a minha comunidade quilombola que é possível ser diferente e fazer diferente, mesmo saindo de onde eu saí!” (Everaldo da Cavalhada)
Verônica Rufino - Comunicação PROEXC